Minha poesia acompanha
essa melancolia
Teu olhar incrédulo
diante de tudo que já era tão óbvio
Tua mão desgastada
tocando superficialmente uma pequena parte da realidade
Meu amor te desarma na mesma medida que nos implode
Teu amor nos implora na
inversa medida que nos socorre
E nós derramamos
lentamente cada lágrima
Como quem reluta em ler
as ultimas três páginas do livro
Mandei reforçar as paredes da minha casa
Calculei o ângulo
exato de uma mesa no canto da sala
E descobri que em cada
gesto, passo ou hora marcada
A física me desmentia
como se fosse eu a sua escrava
Uma entidade superior me soprou aos ouvidos
Duvido que você
atravesse por baixo daquela escada
Mas como nosso amor
nunca pretendeu medir o risco
Nós cruzamos sem nem
saber o que se passava
Minha poesia retoma essa melancolia
E dessa vez é pra
desconstruir essa parábola
Tua mão desgastada tocando superficialmente uma parte da realidade
Não pode conter todos
os universos em que minha alma deságua
Meu amor te desarma na mesma medida que nos implode...
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